εїз *A Viagem*
Então, cismei que precisava viajar, pois tinha vindo ao mundo em excursão e estava perdendo a viagem. Mas não poderia ser qualquer viagem: pegar um avião e descer em país estrangeiro. Não. Antes, eu começaria por viajar dentro da roupa, vestindo a camisa do avesso e de trás para frente. Depois, ficaria uma semana viajando no quarto, descobrindo fendas e esconderijos. Entrei no guarda-roupa e fiquei ali, como às vezes faz o Gatildo, meu gato. Acabei me dando conta de que não estava sozinha, que éramos cupins, traças, poeiras e ácaros, todos juntos, ali dentro. Gritei assim: As viagens de Gulliveeeeer. E minha mãe entrou. Isso não foi muito bom porque já tem aquilo da psicóloga atestar o meu desajuste. Depois, gritar dentro do guarda-roupa fechado, só você ali dentro, isso não é bom. Ah, mas querer descobrir um novo ponto-de-vista não é coisa de doido, é? Acho que não. Certa vez, li num artigo de John Ferguson que um ambiente fechado tem mais poeira do que ao ar livre e que, na casa das pessoas, há poeira de todos os locais do planeta, inclusive poeira extraterrestre! Logo, ficar escondida no guarda-roupa seria começar uma viagem interplanetária! (Rita Apoena)
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